Debate mostra o quanto Brasil precisa avançar contra a desigualdade racial
Geral | 17 de dezembro de 2020Autor: Sinditamaraty
Um debate riquíssimo sobre Consciência negra e relação Brasil e África foi transmitido nesta quinta (17), pelo Sinditamaraty. Participantes de dentro e fora do Ministério das Relações Exteriores expuseram suas experiências pessoais e a luta no combate ao racismo e igualdade racial no Brasil e no mundo.
O presidente do Sinditamaraty, João Marcelo Melo, destacou logo no início, que temas como este sempre foram pauta das ações da entidade. “O tema discriminação sempre foi abordado pelo Sindicato e sempre fundamentou o Sinditamaraty a buscar um tratamento igualitário para todos os servidores”, ressaltou.
Felipe Heimburger, secretário-geral do Sindicato, enalteceu a iniciativa do Sindy. “Essa é uma pauta fundamental para o progresso”.
Mediadora do debate, Sandra Nepomuceno lembrou as dificuldades de seus familiares negros, das diversas formas de bullying vivenciadas ao longo da vida escolar e até mesmo no exercício da profissão, como oficial de chancelaria. “Quando eu chegava alguns não gostavam, se desapontavam. Se era uma mulher, que fosse branca. Em compensação, eu também tive muitas circunstâncias pelas quais as pessoas ficaram muito satisfeitas. Brasileiros negros como eu, mulheres, que também ficavam felizes e aquilo foi um estímulo grande”, recordou.
Jackson Lima, ministro-conselheiro do Brasil na Embaixada da Nigéria e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília (UnB), trouxe ao debate dados sobre negros no Brasil e no mundo. Um exemplo: quantidade de jovens de negros de 14 a 29 anos que procuram emprego no Brasil é o dobro do que a de brancos. E, ainda, no Brasil, 65% dos jovens declarados negros não estudam e não concluíram o Ensino Médio. Brancos com ensino superior ganham mais do que negros são 44% - de acordo com dados do IBGE e do próprio MRE. “Não dá para gente discutir que não tem racismo no Brasil. Não dá para gente discutir que o Brasil é um país de democracia racial. A gente não vai conseguir desenvolver o Brasil sem 50% da população”, provocou.
Sandra Silva, mestre em Relações Internacionais pela UnB, enriqueceu a live com uma visão de fora do MRE. Segundo ela, para que o racismo, a discriminação e desigualdade sejam combatidos, todos precisam se envolver. “Consciência negra não é só para negros, é para todo mundo. E em um lugar como o Sinditamaraty, as pessoas precisam levantar o assunto”, destacou.
Sandra Nepomuceno completou: “O interesse não é só nosso. A democracia racial não é democracia”.
“É necessário provocar para as coisas andarem. Este é o papel do sindicato. As vezes tem retrocesso, mas a gente vai correr atrás e vai buscar de volta. Até que aos pouquinhos a gente chega lá! ”, observou o presidente João Marcelo.